A
literatura de cordel é típica da região nordestina e representa a comunicação
popular de massa, impressa, para as populações sofridas, mas alegres, do
Nordeste.
Constitui-se
folhetos de cordel, encontrados nas feiras, praças e mercados de grandes
capitais - Salvador, João Pessoa, Recife, Natal, Fortaleza, Teresina, Caruaru,
Ilhéus, Juazeiro, Canindé, xilogravuras populares e ABC’s, pelejas dos
cantadores e improvisadores, capazes de reunir e encantar o povo em lugares
públicos.
Os
folhetos são feitos de papel de jornal e impressos em gráficas antigas,
utilizando capas com desenhos rudes e espontâneos, clichês de filmes e/ou
xilogravuras feitas a buril, estilete ou canivete, algumas delas verdadeiras
obras primas da gravura brasileira.
Em
versos de 10 ou 12 sílabas, em rica variação de versos, a poética de cada
folheto conta fatos do cotidiano, estórias de bichos, casos pitorescos, de
amor, de Lampeão, do Padre Cícero, do Conselheiro, de figuras públicas,
acontecimentos dos jornais, rádio e Tvs, enfim, toda a gama, alegre e mística,
do rico universo do nordestino. Os próprios poetas populares classificam a
literatura de cordel em cinco temas mais frequentes: romance, valentia
(história de um valentão, que sempre acaba mal), gracejo (uma história
engraçada), desafio e encantamento (histórias de reinos encantados, com fadas e
bruxas). Geralmente, o próprio poeta popular é o editor e vendedor de suas
historinhas, que são penduradas num cordão, enquanto o autor, acompanhado de
viola, canta trechos de seus poemas.
Em
sua inteireza e espontaneidade representam a alma do povo e sua carga telúrica,
advinda também, muitas vezes, da tradição medieval dos trovadores populares;
chegaram até o Nordeste pelos conquistadores da Espanha e de Portugal no fim do
século passado,e, até hoje, permanecem vivos na imaginária popular.
Em
1952, foi fundada a Editora Prelúdio e começou a industrialização da literatura
de cordel. José Pinto de Souza, um dos proprietários da Prelúdio, diz que desde
1910 já editava, em São Paulo, folhetos de historinhas de autores portugueses.
A história de "Zézinho e Mariquinha" (original português) foi uma das
primeiras que José publicou, com muito sucesso. A partir de 1930, ele passou a
publicar poemas nordestinos.
As
tiragens dos folhetos variam. Afirma-se que o "Peleja entre Cego Aderaldo
e Zé Pretinho do Tucum", somando suas várias edições, alcançou 500 mil
exemplares. Orígenes Lessa diz que "até analfabeto lê folhetos",
porque aprende de cor as estórias nos forrós e cantorias.
Biblioteca Virtual do Estudante
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